quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Beleza da Infância de Deus



Tridandisvami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja

[Série de palestras sobre a cançãoSri Damodarastakam (Verse 2)]



[Respeitável leitor do Harikatha,Por favor aceite nossas humildes reverências.

Srila Narayana Maharaja e o grupo internacional de peregrinos de Kartika estão residindo em Giriraja Govardhana desde o dia 19 de outubro onde permanecerão até o fim de Kartika no dia 5 de Novembro. Srila Maharaja completou uma série de palestras sobre o Sri Damodarastakam antes de ir para Govardhana e, dese então, ele tem falado sobre o livro Madhurya Kadambini em suas palestras tanto pela manhã quanto a noite.




Conforme mencionado anteriormente, as palestras em Hindi de Srila Maharaja sobre o Sri Damodarastakam são praticamente as mesmas daquelas que ele proferiu em Inglês sobre este mesmo assunto em 1996. Para que você possa saborear esta leitura durante o mês de Kartika, por favor, aceite esta aula de 1996. Esta é a primeira vez que tal palestra – assim como todas as outras que estão sendo enviadas sobre o Damodarastakam do ano de 1996 – está sendo publicada.]

Parte 1
rudantam muhur netra-yugmam mrjantamkarambhoja-yugmena satanka-netrammuhuh svasa-kampa-tri-rekhanka-kantha-sthita-graiva-damodaram bhakti-baddham["Adoro esse Damodara que, por estar com medo da vara na mão de Sua mãe, chora e repetidamente esfrega Seus olhos com ambas Suas mãos de lótus, cujos olhos expressam um temor extremo, cujo soluçar faz com que os colares de jóias e pérolas tremam sobre Seu pescoço marcado com três linhas e cuja barriga é amarrada somente pela devoção de Sua mãe." (Sri Damodarastakam, verso 2)]
Nós estamos explicando o comentário de Srila Sanatana Gosvami ao segundo verso do “Sri Damodarastakam.” Em sua explicação deste verso, Srila Sanatana Gosvami descreveu a profunda beleza e doçura do Senhor Krsna e de Seu tocar de flauta. Ao ver a bela face de Krsna e ouvir o som doce de Sua de flauta, as naturezas ou os sentimentos de pessoas, árvores, criaturas e até mesmo rios são transformadas.
Srila Sanatana Gosvami agora fala sobre os associados eternos de Sri Krsna. Sri Krsna é a Suprema Personalidade de Deus, mas sem Seus associados Ele não é a Suprema Personalidade de Deus. Seus passatempos dependem de por quem Ele está cercado. É uma especialidade de Sri Krsna que Seus associados em cada passatempo reflitam e complementem Seus sentimentos e humores em tal passatempo em particular.
Srila Sanatana Gosvami falou detalhadamente sobre este tema em seu Brhad-Bhagavatamrta. Lá ele exprimiu como, pelas Sua beleza e pelo tocar de Sua flauta, Sri Krsna atrai as mentes de todos aqueles que entram em contanto com Ele. Srila Sanatana Gosvami descreveu as eespecialidades de Seus associados em seu comentário com as palavras “gokule brajamanam”. Qual o significado de Gokula? “Go” refere-se às vacas, gopas e gopis. “Kula” significa grupos: grupos de gopas, gopis, vacas e bezerros. Tudo isto está contido na palavra “Gokula.” Tudo é revelado para os devotos de coção puro de Sri Krsna quando eles ouvem a palavra Gokula, e Srila Sanatana Gosvami revela como isto se dá.
O avô de Sri Krsna, Parjanya Maharaja, seus filhos Nanda, Upananda, Sunanda e Abhinanda, bem como suas esposas, filhos e todos os parentes de Krsna, estão na categoria de “gopa”, pessoas da comunidade de pastores. Algumas vezes Krsna senta no colo de Seu pai ou de Seu avô e outras vezes no colo de Seus tios.
Vrsabhanu Maharaja e seus quatro irmãos – Bhanu, Subhanu, Abibhanu e Brihadbhanu – e também seus filhos são todos, do mesmo modo, da comunidade de vaqueiros, e Krsna algumas vezes senta em seus colos também. Quando Krsna é abraçado pelos gopas de Gokula, Ele parece muito adorável.
Além disso, quando Sri Krsna está cercado por Seus amigos vaqueiros: Dama, Sudama, Sridama, Vasudama, Atul-Krsna, Labanga, Arjuna, Ujjvala, Subala e Madhumangala, como Ele parece belo enquanto brincam!
Srimati Radhika e Mãe Rohini preparam prasada deliciosa de almoço para Krsna e Seus amigos. Todos estão rindo, brincando e olhando em direção a Krsna enquanto estão sentados para honrar prasada. Como é bela esta reunião quanto todos estão juntos dessa maneira!
Mãe Yasoda e Mãe Rohini são gopis. As tias de Krsna (as esposas dos irmãos de Nanda-baba), a mãe de Radhika, Kirtika, e as esposas dos irmãos de Vsabhanu Maharaja são todas gopis. Quão belo Krsna parece quando Ele brinca em seus colos enquanto elas passam-no uma para outra. Quão belo Ele parece cercado por todas elas!
Srimati Radhika e Seu grupo, assim como Lalita, Visakha, Citra e as manjaris são gopis. Candravali e seu grupo, incluindo Padma, Saibya, Syamala e Bhadra também são gopis. Sri Krsna é o mais belo de todos quando Ele brinca com Seus associados. Ele sempre desfruta de Seus passatempos na companhia de Seus associados.
O Senhor Ramacandra, Dvarakadisa Krsna e Vaikunthanatha Narayana não possuem associados do mesmo calibre que Nandanandana Krsna. Ao explicar este verso, Srila Sanatana Gosvami descreve quão belos, maravilhosos e sem paralelo são os associados de Krsna em Vraja.
As vacas são como mães para Krsna. Elas têm vatsalya-bhava por Ele e O amam tanto. Elas não podem ser ordenhadas a menos que Ele esteja com elas. Ao vê-lO, o leite flui automaticamente de seus úberes. Se Ele não está presente, ainda que os bezerros estejam com elas, não sai nenhum leite.
Algumas vezes Krsna brinca com os bezerros, abraça-os como faz com Seus amigos vaqueirinhos, e todos os pássaros, veados e outras criaturas da floresta de Gokula também pensam que são elas mesmas amigas e amadas de Krsna. Isto é tão doce e belo! Os associados de Krsna em Vraja formam a base de Seus passatempos. Quando o solo é bom, flores crescerão e as abelhas virão. Sem os associados com quem compartilhar relacionamentos amorosos e íntimos, Krsna não pode brincar.
No Srimad Bhagavatam, as palavras manmatha-manmathah, aquele que atrai o Cupido, foram usadas para descrever Krsna. Quando Sri Krsna estpa na associação dos gopas ou gopis mais velhos, que são como pais e mães, e quando está na companhia de Seus amiguinhos vaqueiros, Ele não é manmatha-manmathah. Somente quando Ele está na companhia de Suas amadas gopis que Ele é manmatha-manmathah.
tatropavisto bhagavan sa isvaroyogesvarantar-hrdi kalpitasanahcakasa gopi-parisad-gato ‘rcitastrailokya-laksmy-eka-padam vapur dadhat
["O Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, para quem os grandes mestres da meditação mística oferecem um assento dentro de Seus próprios corações, sentou-Se na assembléia das gopis. Seu corpo transcendental, a morada exclusiva da beleza e opulência nos três mundos, reluziu brilhantemente quando as gopis adoraram-nO" (SB 10.32.14)]
Srila Sanatana Gosvami é o Vaisnavamais elevado, sendo rasika e bhavuka (absorto nos sentimentos e relacionamentos da Vrndavana transcendental). Ele é o guru de Srila Rupa Gosvami, que aceitou os seus remanentes tendo ouvido diretamente dele. Os acaryas na nossa linha de sucessão discipular, tais como Srila Rupa Gosvami e Srila Jiva Gosvami, compreenderam e explicaram o significado interno destes slokas por tê-los ouvidos de Srila Sanatana Gosvami.
Não podemos imaginar a natureza doce e adorável de Srila Sanatana Gosvami is. Ele é a essência de ‘trnad api sunicena’ – mais humilde que uma folha de grama. A profundidade de sua natureza rasika e bhavuka só pode ser conhecida por outros devotos de mesmo calibre, mas podemos começar a compreendes suas glórias através das descrições de Srila Rupa Gosvami e Srila Raghunath dasa Gosvami.
vairagya-yug-bhakti-rasam prayatnairapayayan mam anabhipsum andhamkrpambudhir yah para-duhkha-duhkhisanatanas tam prabhum asrayami
["Não desejava beber o néctar do serviço devocional que está contido na renúncia, mas Srila Sanatana Gosvami, por sua misericórdia imotivada, fez-me beber embora eu fosse, de outra maneira, incapaz de fazê-lo. Portanto, ele é um oceano de misericórida. Ele é muito compassivo com as almas caídas como eu e, assim, é meu dever oferecer respeitosas reverêcias aos seus pés de lótus." (Vilapa-kusumanjali 6)]
Neste verso, Srila Raghunatha dasa Gosvami chora ao expressar como a misericórdia de Srila Sanatana Gosvami é sem paralelo. Ele diz: “Nunca quis a misericórdia de Sanatana Gosvami – nunca. A despeito disso, Srila Sanatana Gosvami deu-me sua misericórdia a força e sem nenhum motivo.”
Foi pela misericórdia de Srila Sanatana Gosvami que o “Sri Damodarastakam” foi traduzido e explicado; sem a explicação dele, não seriamos capazes de penetrar profundamente em seus slokas. Srila Sanatana Gosvami é diretamente a gopi de Vrndavana chamada Lavanga-manjari, e esta é a razão pela qual ele foi capaz de explicar os versos do “Sri Damodarastakam” deste modo. Nosso Guru Maharaja, Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja, produziu um livro sobre os versos do “Sri Damodarastakam” com todas as explicações estando disponível em Bengali, Hindi e Inglês.
cakasa gopi-parisad-gato ‘rcitastrailokya-laksmy-eka-padam vapur dadhat
Na companhia das gopis, como manmatha-manmathah, aquele que atrai o Cupido, a beleza do Senhor Krsna é incomparável. Ele nunca é tão belo ou tão doce como neste momento. Após Ele desaparecer da dança da rasa, Quando Ele reapareceu na frente das gopis, Ele de alguma forma estava sorrindo e sentindo vergonha, como se Ele tivesse feito algo errado ou cometido uma ofensa aos pés de lótus delas. A doçura e a beleza que Ele mostrou na companhia das gopis neste momento eram excepcionalmente maravilhosas.
lasat kundalam gokule brajamanam
Ao falar de Vrndavana-lila, Srila Sanatana Gosvami descreve Sri Krsna correndo ao longo da estrada principal de Gokula com medo de Mãe Yasoda. Sri Krsna pensa: “Se mamãe Me pegar e decidir que sou culpado, ela irá me punir.” Ele está temeroso porque um dia, enquanto Yasoda estava sentada batendo manteiga, as gopis mais velhas de Gokula vieram reclamar com ela sobre Ele.
Elas disseram: “Ó querida amiga Yasoda, seu querido filho tornou-Se tão levado. Ele visita nossas casas, rouba manteiga e então alimenta os macacos e corvos. Se Ele não acha nenhuma manteiga, Ele destrói tudo em nossas casas. Temos noção de que Suas travessuras aumentarão no futuro. Você deve tentar discipliná-lO enquanto Ele ainda é novo, para que Ele não se torne um mau menino quando crescer.”
Mãe Yasoda pensou: “Meu filho tem um coração simples e não pode ser travesso. Mas talvez Ele esteja roubando manteiga da casa dos outros porque a manteiga aqui em casa não é doce. Talvez ela seja amarga ou adstringente. Devo usar leite de uma vaca especial de agora em diante para fazer manteiga para Ele.”
O dia seguinte era Dipavali, um famoso festival anual na Índia e Mãe Yasoda deu folga para suas servas por alguns dias. Ela lhes disse: “Vocês podem ir para casa celebrar o Dipavali e adorar as suas Deidades.”
As servas foram para casa e Rohini com seu filho Baladeva foram para casa de Upananda. Yasoda agora estava sozinha. Ele ordenhou sua vasa com suas próprias mãos e, no fogo, preparou iogurte doce. Na manhã seguinte, ela acordou muito cedo, colocou uma corda ao redor do pilão e do bastão de bater manteiga e começou a trabalhar. Quão bela estava Mãe Yasoda de cujo ventre Krsna viera.
Enquanto ela batia, Yasoda lembrava-se de passatempos brincalhões da infância de Krsna e cantava esta bela canção.
govinda damodara madhaveti…utakale sam…musalaika guptam…ganantya gopya ca anuragagovinda damodara madhaveti
Ao ouvir Sua mãe cantando, Sri Krsna quis imediatamente ficar com ela. Ele desceu da Sua cama e chamou: “Mãe? Mãe? Onde você está? Mãe! Mãe!” Ele começou a procurá-la, chorando muito alto, mas Mãe Yasoda não O ouviu pois estava completamente absorta em bater a nata e cantar os passatempos. A arma que os meninos pequenos usam para controlar é chorar alto e, como não houve resposta, o choro de Krsna tornou-se ainda mais e mais alto e então mais alto ainda. Ele aproximou-Se de Yasoda enquanto ela batia mas, ainda assim, ela não havia O percebido.
Mãe Yasoda aplicara tanto kajal nos belos olhos de lótus de Sri Krsna que estes pareciam se estender até Suas orelhas. Soluçando, Sri Krsna esfregou esses olhos com Suas mãos, borrando o kajal. Suas lágrimas escorriam profusamente – de um dos olhos o Ganga flui e do outro, o Yamuna.
Ainda assim, Yasoda não estava vendo ou ouvindo Krsna, então Ele chorou mais alto ainda. Ao encontrar Sua mãe, Ele agarrou o véu e o bastão dela. Ela voltou-se e viu que Seu pequeno filho viera até ela. Colocando-O em seu colo, ela começou a acariciá-lO e a oferecer Seu seio. Não havia necessidade de Krsna sugar para que o leite saísse, por causa de seu amor, o leite fluía automaticamente.
O Senhor Sri Krsna é o Deus dos deuses, a Suprema Personalidade de Deus. Seu estômago é muito grande: toda criação, milhões e milhões de universos, incluindo Gokula Vrndavana está dentro de Seu estômago. O leite dos seios de Mãe Yasoda, que é maior em quantidade do que o leite contido em centenas de Oceanos de Leite, pode encher o Seu estômago. Todo o leite em todo o mundo não pode satisfazê-lO, mas Mãe Yasoda tem tanto leite que ela pode satisfazer completamente o desejo dEle. Na verdade, a origem de todo leite vem do seio de Mãe Yasoda e, portanto, uma competição estava ocorrendo entre Krsna e o leite dela para ver quem ganharia e quem seria derrotado.
Neste meio tempo, um pouco de leite no fogo começou a ferver. Qual a razão interna para que este leite começasse a ferver e transbordar? O leite estava pensando: “Se Krsna não irá aceitar o meu serviço, melhor eu morrer.”
Srila Narottama dasa Thakura escreveu:
kena va achaye prana ki sukha paiyanarottama dasa kena na gela mariya
["For what type of pleasure do I maintain my life?" Narottama dasa laments, "Why do I not simply die?" (Aksepa, verse 5)]
Um devoto pensa: “Se não estou servindo o Senhor Krsna, Gurudeva e os Vaisnavas, melhor seria morrer. Não há utilidade em minha vida.” Pensando assim, o leite estava a ponto de pular no fogo para morrer. Mãe Yasoda, que é tão maravilhosa, com imensa compaixão e misericórdia imotivada, viu o leite e correu para salvá-lo. “Pare! Pare!”, ela disse. “Não pule no fogo. Eu lhe ocuparei no serviço a Krsna; não se preocupe. Primeiro lhe ocuparei e depois terminarei meu serviço.”
Esta é a misericórdia de Gurudeva e dos Vaisnavas puros; eles nos dão a oportunidade de servir a Krsna. Mãe Yasoda deu esta misericórdia: “Eu servirei mais tarde mas, primeiro, darei a você a chance de servir.”
Como Mãe Yasoda rapidamente levantou-se para salvar o leite, Krsna Se pendurou como um macaquinho faz em sua mãe. Usando toda Sua força, Ele a segurou com Seus braços, mãos, pernas e pés, e também com sua boca, tentando evitar que ela se separasse dEle. Mas Mãe Yasoda muito facilmente separou-O dela e colocou-O sentado.
O Senhor Sri Krsna é o Deus dos deuses, a Suprema Personalidade de Deus; Ele é ilimitadamente poderoso. Contudo, Mãe Yasoda muito facilmente fez com que Ele sentasse, dizendo, “Sente-Se aqui.” A bruxa Putana, que tinha o poder de mil elefantes, foi a Gokula matar Krsna. Colocando-O em seu colo, ela colocou a boca de Krsna em seu mamilo. Ela não tinha leite para oferecer para Ele, mas tinha espalhado veneno mortal com poder de matar qualquer pessoa em seus mamilos. Quando ela colocou seu mamilo na boca de Krsna, Ele fechou Seus olhos pensando: “Não quero matar alguém que veio até a Mim como uma Mãe.” Embora ela usasse todos seus poder, aquele de dez mil elefantes, Putana não pôde afastar Krsna dela, e morreu quando Ele sugou seu ar vital para fora de seu corpo. Mas Yasoda facilmente separou-se de Krsna com uma mão e dizendo: “Oh, VocÊ deve Se sentar aqui”.
Sem poder contra a força de Mãe Yasoda, Krsna ficou zangado. Ele pensou: “A Mãe tem um coração tão cruel. Ela levou o leite de seu seio para longe de Mim e foi salvar um leite no fogo. Não sou seu querido. Ela ama muito mais aquele leite do que a Mim. Devo puni-la. Destruirei tudo que há neste cômodo.”
Embora fosse apenas uma criança pequena, Ele pensava em como destruir tudo. Ele pensou: “Quebrarei este pote.” Ele tentou erguer um grande pote de manteiga mas era pesado demais para Ele. Então Ele viu a pedra usada para moer temperos e erguendo-a pensou: “Usarei isto para fazer um buraco no pote. Farei um furo na base do pote, então toda a manteiga vazará. Nem uma única gota restará.”
Correndo atrás de Deus
Tridandisvami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja[da série de palestras sobre acanção Sri Damodarastakam (Verso 2)] – Parte 2Sri Krsna sabia que a parte superior do pote de barro era mais espessa enquanto que a parte inferior era fina. Ele bateu atingiu o pote com a pedra usada para moer temperos e facilmente abriu um buraco na área inferior. Ele olhou co grande prazer enquanto a manteiga escorria numa corrente firme com um rio, porque Ele era muito levado.
Neste momento, Yasoda estava junto ao fogão onde o leite estava fervendo. Ela pegou um pouco de água fria, borrifou no leite para que evitar que ele continuasse transbordando e disse: “Ó leite, não se preocupe. Não cometa suicídio lançando-se ao fogo. Irei lhe salvar e ocupar no serviço ao meu garoto.” Ao ouvir isto, e recebendo a água fria, o leite fervente se acalmou, tornando-se pacífico.
Mãe Yasoda então retornou para onde Krsna quebrara o pote de manteiga. Vendo a destruição, ela disse: “O que aconteceu? Onde está este menino levado?” Ela começou a procurar pelo seu filho e então viu suas pegadas de manteiga. As pegadas eram muito pequenas com muitos símbolos auspiciosos nelas e, ao vê-las, ela pode entender onde Krsna havia ido.
Seguindo as pegadas de Krsna, ela pensou: “Ele entrou neste quarto”. Então ela também entro no quarto, como um gato, sem fazer nenhum barulho. Ela viu Krsna de pé no pilão de moer. Enquanto olhava para a porta, com o canto de Seu olho para ver se Sua mãe estava vindo com o bastão, Ele distribuía manteiga de um pote para os macacos e corvos.
Ao ver esta cena, Yasoda pensou: “Quando Ele crescer, tornar-se-á um criminoso se eu não tentar retificá-lO em Sua juventude.” Pegando um pequeno bastão, ela muito devagar e silenciosamente, como um gato, entrou no quarto e tentou pegá-lO, mas Ele tinha um olho focalizado na porta. Ele estava pensando: “Se a Mãe chegar, o que farei?”
Por que Krsna estava dando manteiga para os macacos? Ele estava Se lembrando de uma era passada, Treta-yuga, quando Ele apareceu como Rama. Ele pensou: “Sita foi raptada por Ravana, e milhões de macacos Me seguiram até Lanka para ajudar a salvá-lA.” O exército de macacos estava pronto para abandonar suas vidas pelo Senhor Rama, e alguns deles o fizeram e nunca pediram nada em troca, nenhum salário. De fato, o Senhor Rama não acordou nenhum fruto ou sobras para eles. Ao Se lembrar disso, Krsna agora estava pensando: “Devo retribuir aos macacos de alguma forma. Em verdade, não possa retribuir pelos seus serviços, mas devo tentar.”
Esta é a razão pela qual Ele distribuía gratuitamente manteiga para os macacos e estes sem nenhum temor aceitavam a manteiga de Suas mãos.
Os corvos estavam na dinastia de Kakubhusundi, um devoto de alta-classe do Senhor Rama. Algumas vezes, Kakubhusundi atuou como guru de Garuda, o carregador do Senhor Narayana, Rama e outras encarnações. Então Krsna estava pensando: “Também devo retribuir aos filhos e filhas na dinastia dos corvos” e, assim, dava também manteiga aos corvos.
De repente, Yasoda veio e os macacos e corvos começaram a correr por todos os lados. Entendendo que eles corriam por causa que Yasoda estava se aproximando, Sri Krsna pulou do pilão e também começou a correr. Ele correu na direção da estrada principal que conduzia a Gokula, pensando: “Se for pela estrada principal, todos os gopas estarão lá. A Mãe não irá até lá devido a sua timidez.”
As senhoras indianas são muito castas e tímidas. Mesmo que elas vejam seus próprios pais ou sogros, elas irão se cobrir com um véu. Krsna pensava que Sua mãe não iria até a estrada principal por esta razão, mas ela era mais inteligente que seu menino. Ela sabia que os gopas tinham ido ordenhar as vacas e que não haveria ninguém na rua naquele horário do dia. Assim, sem ter medo de perder seu véu, ela começou a correr atrás de Krsna. Enquanto O perseguia, ela disse: “Oh, Você veio do meu ventre. Você pensa: ‘Sou muito inteligente.’ Mas Você veio do meu ventre e sou, portanto, mais inteligente que Você.”
Krsna estava pelado usando somente pequenos sinos amarrados ao redor de Sua cintura. Ele estava correndo, olhando para trás na direção de Sua mãe com o canto de Seus olhos com medo e pensando: “A mãe está vindo e, certamente, ela irá Me bater!” O Senhor Krsna é a Suprema Personalidade de Deus. Ele tem poder ilimitado, mas agora está correndo com medo por ver Sua mãe vindo bater nEle com um bastão. Ele pensou: “O que devo fazer?” e implorou “Mãe! Não Me bata!”Yasoda é muito bela; sua cintura é muito fina e seus quadris são largos. Agora ela está correndo para agarrar Krsna e Ele pode ver que ela estava ficando cansada porque ela é um pouco rechonchuda. Ela estava suando e estas gotas de transpiração pareciam como se muitas pérolas tivessem caindo da sua cabeça. Seu cabelo estava agora solto e as flores que estiveram presas nele estavam caindo na rua enquanto ela corria. Elas caiam uma a uma, como se dissessem: “Por que você não está correndo mais rápido? Não pense que você está sozinha. Todas estamos correndo com você. Você certamente pegará; nos estamos lhe ajudando.”
Segurando o bastão que carregava no alto, ela disse: “Pare! Tenho meu bastão!”
Amedrontado Krsna respondeu: “Ó amável Mãe! Por favor, não Me bata!
“Por que não deveria bater em Você?”
“Que ofensas Eu fiz? VocÊ pode Me dizer?”
“Sim, posso Lhe dizer. Por que quebrou o pote?”
“Mãe, o que é isso? Não quebrei nenhum vaso, mas foi alguém. Quem poderia ter feito isso?”
“Você fez isto.”
“Mãe, você está usando um pesado ornamento de ouro em Seus tornozelos. Penso que quando você correu, tais ornamentos devem ter quebrado o pote.”
“Eu não quebrei o pote. Você é um grande mentiroso.”
“Sou o filho de Nanda-Baba; não sou um mentiroso. Você é uma mentirosa.”
“Por quê?”
“Em nossa dinastia não há ladrões ou mentirosos. Pode ser que os mentirosos e enganadores tenham vindo na sua dinastia, mas não na Minha, nela não há enganadores.”
Ao ouvir isto, Yasoda começou a sorrir.
Krsna então disse: “Mãe! Amável mãe, não Me bata!”
Yasoda respondeu: “Oh, sim. Quero Lhe ensinar uma boa lição.”
Para pegá-lO, Mãe Yasoda teria que correr mais que Ele e ela fez isto.
Qual é o significado interno aqui? Nós (todas as jivas) somos servos de Krsna. Como almas condicionadas, caímos na armadilha de Maya. Temos sofrido no ciclo de nascimentos e mortes por milhões e milhões de anos. As várias encarnações de Krsna vieram a estes mundos – Senhor Rama e outras. Não obtivemos Seu darsana, mas viemos a saber sobre elas pela graça, a misericórdia imotivada, do Guru, Vaisnavas e Krsna.
brahmanda bhramite kona bhagyavan jivaguru-krsna-prasade paya bhakti-lata-bija
[De acordo com seu karma, todas as entidades vivas estão perambulando por todo o universo. Algumas são elevadas aos sistemas planetários superiores e outras descem aos sistemas planetários inferiores. Dentre muitos milhões de entidades vivas que vagueiam, aquela que é muito afortunada obtém a oportunidade de se associar com um mestre espiritual fidedigno pela graça de Krsna. Pela misericórdia tanto de Krsna quanto do mestre espiritual, tal pessoa recebe a semente da trepadeira do serviço devocional. (Cc. Madhya 19.151)]
Pela misericórdia imotivada dos Vaisnavas e do Guru, nós chegamos até associação deles neste nascimento. Eles são tão misericordiosos por nos darem a sua associação e, através desta associação, tentamos entrar no serviço a Sri Krsna.
Krsna também é muito misericordioso conosco. No Brhad-bhagavatamrta, Ele disse para Gopa Kumar: “Tenho observado você por milhões de seus nascimentos, nunca Me esqueci de vosê. Mas você não foi tão misericordioso coMigo. Tenho esperado por você por muito tempo, mas você não veio até a Mim. Não pude trazê-lo a Minha morada. Mas agora, pela sua própria vontade você veio e estou, portanto, endividado com você.”
Krsna também está esperando que nós cheguemos até Ele. Ele está muito preocupado conosco – sobre como podemos entrar em Seu serviço. É por esta razão que Ele envia Seus devotos como Narada Rsi, Srila Sukadeva Gosvami e nosso guru-varga (sucessão discipular de mestres espirituais auto-realizados) a esta Terra. O próprio Krsna, na forma de Sriman Caitanya Mahaprabhu, juntamente com toda Sua família vieram até aqui para nos ajudar.
Assim como Yasoda, devemos correr mais rápido que Krsna. Krsna tem afeição e amor ilimitados por nós, mas se em comparação nós tivermos mais amor e afeição por Ele, nosso desejo de servi-lO aumentará e nos tornaremos, com isso, mais e mais ávidos por ter o Seu darsana. Quando tivermos esta avidez, poderemos agarrá-lO.
Yasoda estava correndo mais rápido que Krsna. Krsna a ama, mas Seu amor e afeição estão divididos em milhões de frações entre Seus devotos. O fato de Mãe Yasoda correr mais rápido que Krsna significa que o amor dela por Ele não era dividido. Este é o siddhanta (a verdade conclusiva estabelecida) do Damodara-lila.
Nós devemos ter prema (amor inadulterado) somente por Krsna; não pelos nossos filhos, filhas ou maridos, nem pelo nosso corpo. Não deve haver anyabhilasa – qualquer desejo outro que não o de satisfazer Krsna. Se quisermos prema, não podem haver desejos mundanos.
krsnarthe akhila-cesta, tat-krpavalokanajanma-dinadi-mahotsava lana bhakta-gana
["One should perform all endeavors for Krsna. One should look forward to His mercy. One should partake of various ceremonies with devotees—ceremonies like Lord Krsna’s birthday or Ramacandra’s birthday." (Cc. Madhya 22.126)]
Se quisermos servir e amar a Krsna, teremos que abandonar a idéia de agir para nosso próprio desfrute e para satisfazer nossos próprios desejos. Teremos que pensar: “Quero somente satisfazer Krsna. Quero somente servir a Krsna.”
O serviço a Krsna também significa servir Seus associados – não somente a Ele. Teremos que oferecer a Ele toda nossa afeição. O que quer que façamos deverá ser para satisfazê-lO e a Seus associados.
Devemos tentar compreender e aplicar estes ensinamentos e, dessa forma, obteremos Seu darsana e nos ocuparemos em Seu serviço. Não é possível servir o Guru, Vaisnavas e Krsna se estamos cheios de desejos mundanos. Devemos tentar entender isto claramente; guarde estes ensinamentos em seus corações. O objetivo de nossas vidas é servir a Krsna e nada mais.

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